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segunda-feira, 4 de março de 2013

O céu


- O céu tá tão bonito!



Ela estava na calçada esperando o resto de seus amigos chegarem para sair. Seu cabelo estava preso num coque estruturalmente bagunçado, seu vestido era preto com pedras azuis claras e seu sapato, apesar da altura, parecia ser completamente macio.

Seus amigos continuavam a conversar animados com o momento de diversão que iriam ter em alguns minutos. Mas tudo que ela pensava era como aquilo podia soar tão familiar. Aquela rua, na escuridão da noite, o céu tão convidativo a fez lembrar quando deitava na rede do apartamento e ficava olhando o céu... Enquanto ele sentava a pouco centímetros dela, acendia seu cigarro e ficavam conversando.

Ela gostava do jeito que o cabelo dele ficava enquanto o vento entrava pela janela e o jeito bagunçado que aquele apartamento era. No entanto, ela podia saber exatamente onde cada coisa estava naquele lugar, até hoje se ela fechar os olhos por um momento pode ser lembrar como as coisas costumavam ficar dispostas ali.



- Como eu sinto falta disso.



Ela poderia passar infinitas horas olhando para o céu estrelado a noite enquanto ele andava pelo o apartamento, fumava, assistia TV ou simplesmente tocava músicas em seu violão. Gostava como os olhos dele iam fundo em sua alma.

Às vezes ela fica se questionando se entendia todos os sinais como deveriam ser entendidos, talvez ela tivesse fantasiado um pouco além do que devia e agora sentia falta daquilo que havia construído.

Nem na imaginação dela ele era tudo aquilo que esperava de alguém. Só de pensar em seus pensamentos políticos, suas ideologias aquilo podia ser o suficiente para não construir sentimentos, porém, ela tinha sentimentos por ele.

Ela gostava de ficar ali na rede usando as camisetas dele, transferindo aquele cheiro para seu corpo. Ela gostava até do cheiro de cigarro que vinha de seus cabelos, mesmo odiando aquela marca vagabunda de cigarro.

Todos estavam no carro animados com a festa que duraria a noite toda, em 15 minutos estariam em seu destino final. O coração dela estava apertado, uma vez que todas as memórias estavam voltando com tanto vigor a sua vida. Ela acreditava que já tinha resolvido tudo aquilo.

Foi embaixo do céu estrelado que ela o viu sentado, fumando, como sempre. Nada havia mudado nele, estava da mesma forma quando haviam deixando de se falar. No entanto, foi ele abrir a boca e trocar algumas ideias que ela percebeu o quanto ele havia mudado. Não reconhecia mais aquela voz, foi como se todas as memórias daquele meses tivessem sido apagadas.

O céu não estava mais estrelado, uma forte chuva começou a cair. Ela continuou ali em pé na chuva, as suas memórias precisavam ser lavadas. 




- O céu continua bonito mesmo assim. – foi o que ele disse ao correr na chuva para abraça-la.

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