- O céu tá tão
bonito!
Ela estava na calçada
esperando o resto de seus amigos chegarem para sair. Seu cabelo
estava preso num coque estruturalmente bagunçado, seu vestido era
preto com pedras azuis claras e seu sapato, apesar da altura, parecia
ser completamente macio.
Seus amigos continuavam
a conversar animados com o momento de diversão que iriam ter em
alguns minutos. Mas tudo que ela pensava era como aquilo podia soar
tão familiar. Aquela rua, na escuridão da noite, o céu tão
convidativo a fez lembrar quando deitava na rede do apartamento e
ficava olhando o céu... Enquanto ele sentava a pouco centímetros
dela, acendia seu cigarro e ficavam conversando.
Ela gostava do jeito
que o cabelo dele ficava enquanto o vento entrava pela janela e o
jeito bagunçado que aquele apartamento era. No entanto, ela podia
saber exatamente onde cada coisa estava naquele lugar, até hoje se
ela fechar os olhos por um momento pode ser lembrar como as coisas
costumavam ficar dispostas ali.
- Como eu sinto falta
disso.
Ela poderia passar
infinitas horas olhando para o céu estrelado a noite enquanto ele
andava pelo o apartamento, fumava, assistia TV ou simplesmente tocava
músicas em seu violão. Gostava como os olhos dele iam fundo em sua
alma.
Às vezes ela fica se
questionando se entendia todos os sinais como deveriam ser
entendidos, talvez ela tivesse fantasiado um pouco além do que devia
e agora sentia falta daquilo que havia construído.
Nem na imaginação
dela ele era tudo aquilo que esperava de alguém. Só de pensar em
seus pensamentos políticos, suas ideologias aquilo podia ser o
suficiente para não construir sentimentos, porém, ela tinha
sentimentos por ele.
Ela gostava de ficar
ali na rede usando as camisetas dele, transferindo aquele cheiro para
seu corpo. Ela gostava até do cheiro de cigarro que vinha de seus
cabelos, mesmo odiando aquela marca vagabunda de cigarro.
Todos estavam no carro
animados com a festa que duraria a noite toda, em 15 minutos estariam
em seu destino final. O coração dela estava apertado, uma vez que
todas as memórias estavam voltando com tanto vigor a sua vida.
Ela acreditava que já tinha resolvido tudo aquilo.
Foi embaixo do céu
estrelado que ela o viu sentado, fumando, como sempre. Nada havia
mudado nele, estava da mesma forma quando haviam deixando de se
falar. No entanto, foi ele abrir a boca e trocar algumas ideias que
ela percebeu o quanto ele havia mudado. Não reconhecia mais aquela
voz, foi como se todas as memórias daquele meses tivessem sido
apagadas.
O céu não estava mais
estrelado, uma forte chuva começou a cair. Ela continuou ali em pé
na chuva, as suas memórias precisavam ser lavadas.
- O céu continua
bonito mesmo assim. – foi o que ele disse ao correr na chuva para
abraça-la.
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