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terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Fix


O céu da cidade estava brincando de se esconder. Ninguém sabia ao certo qual seria a previsão para aquela noite. Poderia chover por infinitas horas ou apenas continuar naquela indecisão. Talvez não fosse importante tomar uma decisão naquela hora. Algumas coisas deviam ser feitas e talvez alguns toques deviam ser sentidos. 

A cada período de tempo ela parava o que estava fazendo para olhar por sua janela, na esperança que um rosto conhecido aparecesse em sua porta surpreendendo. Ela esperava também que ele ligasse a qualquer momento apenas para dizer “olá”. Mas nada disso aconteceu, a não ser suas inúmeras olhadas pela janela e checagem de seu celular. 

Ela poderia ligar e dar qualquer desculpa. Dizer que queria vê-lo a qualquer instante. Mas para fazer tudo isso? Talvez fosse apenas para preencher o vazio que ela sente em seu peito... Seu coração parou em algum momento no tempo e ninguém que ela havia conhecido até agora foi capaz de preencher aquele vazio. As pessoas vêm e vão na mesma intensidade e quando ela acredita ter encontrado “the one” ele vai embora no mesmo instante. 

Simplesmente não se podia entender. Era tão resolvida em sua vida, tudo era programado. Talvez o amor não fosse algo que pudesse se programar. Mas ela não espera aquele grande amor que acontece de repente. Afinal, ela repetia isso para ela mesma inúmeras vezes... Ela só esperava encontrar conforto nos braços de alguém, carinhos e risadas, além de conversas no meio da noite. Beijos apaixonados ao amanhecer. Ela só queria um pouco de romance em sua vida, apesar de ser apaixonada pelo realismo. No entanto, até no realismo há um pouco de romance... 
 
Por mais que não tentasse transparecer sua busca, a todo o momento ela buscava por aquilo. E no sua busca tinha resultado? Por enquanto nada. Apenas ficadas de uma noite, nas quais ela tentava provar para si mesmo o quanto era forte, o quanto aquilo não importaria para ela depois.
Quem ela queria enganar? 

Por que tentamos nos enganar sempre? Por que queremos mentir para nós mesmos? O que ganhamos com isso? Alguns anos de ilusão? Relacionados falidos?
Eu posso ficar no meu apartamento sentada lendo um bom livro, assistindo várias séries e de repente ao ouvir uma boa música formular uma boa história na minha cabeça. Ao colocar no papel eu compreendo finalmente como algumas peças do quebra-cabeça da minha vida estão perdidas em algum lugar e eu sempre fui péssima em procurar. 

Mas por essa noite eu só quero a peça que me faça sentir confortável, sem perguntas, sem ilusões. Eu quero “one night thing” para transformá-la em eterno através das minhas palavras. Eu quero poder pensar sobre isso demorada horas, quero essa confusão que alimenta o meu dia...

Afinal, você nunca poderá realmente consertar meu coração.

Um comentário:

  1. Great! A confusão personagem/autor realmente deu um ar de subliminaridade muito único. E o mais legal é que esse sentimento confuso vai aumentando à medida que a história se desenvolve. Bastante interessante! Parabéns!

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