O céu da cidade estava
brincando de se esconder. Ninguém sabia ao certo qual seria a
previsão para aquela noite. Poderia chover por infinitas horas ou
apenas continuar naquela indecisão. Talvez não fosse importante
tomar uma decisão naquela hora. Algumas coisas deviam ser feitas e
talvez alguns toques deviam ser sentidos.
A cada período de
tempo ela parava o que estava fazendo para olhar por sua janela, na
esperança que um rosto conhecido aparecesse em sua porta
surpreendendo. Ela esperava também que ele ligasse a qualquer
momento apenas para dizer “olá”. Mas nada disso aconteceu, a não
ser suas inúmeras olhadas pela janela e checagem de seu celular.
Ela poderia ligar e dar
qualquer desculpa. Dizer que queria vê-lo a qualquer instante. Mas
para fazer tudo isso? Talvez fosse apenas para preencher o vazio que
ela sente em seu peito... Seu coração parou em algum momento no
tempo e ninguém que ela havia conhecido até agora foi capaz de
preencher aquele vazio. As pessoas vêm e vão na mesma intensidade e
quando ela acredita ter encontrado “the one” ele vai embora no
mesmo instante.
Simplesmente não se
podia entender. Era tão resolvida em sua vida, tudo era programado.
Talvez o amor não fosse algo que pudesse se programar. Mas ela não
espera aquele grande amor que acontece de repente. Afinal, ela
repetia isso para ela mesma inúmeras vezes... Ela só esperava
encontrar conforto nos braços de alguém, carinhos e risadas, além
de conversas no meio da noite. Beijos apaixonados ao amanhecer. Ela
só queria um pouco de romance em sua vida, apesar de ser apaixonada
pelo realismo. No entanto, até no realismo há um pouco de
romance...
Por mais que não
tentasse transparecer sua busca, a todo o momento ela buscava por
aquilo. E no sua busca tinha resultado? Por enquanto nada. Apenas
ficadas de uma noite, nas quais ela tentava provar para si mesmo o
quanto era forte, o quanto aquilo não importaria para ela depois.
Quem ela queria
enganar?
Por que tentamos nos
enganar sempre? Por que queremos mentir para nós mesmos? O que
ganhamos com isso? Alguns anos de ilusão? Relacionados falidos?
Eu posso ficar no meu
apartamento sentada lendo um bom livro, assistindo várias séries e
de repente ao ouvir uma boa música formular uma boa história na
minha cabeça. Ao colocar no papel eu compreendo finalmente como
algumas peças do quebra-cabeça da minha vida estão perdidas em
algum lugar e eu sempre fui péssima em procurar.
Mas por essa noite eu
só quero a peça que me faça sentir confortável, sem perguntas,
sem ilusões. Eu quero “one night thing” para transformá-la em
eterno através das minhas palavras. Eu quero poder pensar sobre isso
demorada horas, quero essa confusão que alimenta o meu dia...
Afinal, você nunca
poderá realmente consertar meu coração.
Great! A confusão personagem/autor realmente deu um ar de subliminaridade muito único. E o mais legal é que esse sentimento confuso vai aumentando à medida que a história se desenvolve. Bastante interessante! Parabéns!
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