Ela estava segurando um copo de vodca com schweppes e
balançava seu corpo conforme a música. A cor do seu cabelo se misturava com as
luzes do lugar. Ela ria, cantava e dançava com suas amigas e dava longos goles
em sua bebida. Eu estava ali no canto do bar só admirando, estava tomando meu uísque
vagarosamente.
Um homem se aproximou dela, começou a conversar e rir com
ela. Foi quando ele tentou se aproximar e ela apenas o empurrou levemente e
veio em direção ao bar. Ela parecia meio desconcertada, pediu uma dose de
tequila e ficou ali aguardando seu pedido. Ela estava ao meu lado. Pegou o
celular e viu que horas eram, guardou novamente no bolso de seu shorts. Pegou um elástico
e prendeu seu cabelo num rabo de cavalo alto. Sua tequila chegou ela bebeu num gole só, sem
limão ou sal. Ela notou que estava olhando deu um sorrisinho rápido e voltou
para pista.
Dei mais um gole no meu uísque e fui para um grupo de amigos
que estavam próximos dela. Meu amigo comentava da beleza daquela mulher e dizia
o quanto ela era legal, que já havia conversado com ela em outra festa na fila
da entrada e que ela era simpática e fala de todos os tipos de assunto.
Esperava ansiosamente que ele dissesse o nome dela. Mas ele não falou, apenas continuou a
enumerar os motivos pelos quais ela era encantadora.
Ela estava dançando de olhos fechados, curtindo a música
quando aproximou dela um homem loiro e alto, colocou as mãos sobre a cintura
dela e começou a acompanhá-la no ritmo da música. Ela permaneceu de olhos
fechados , estava de costas para ele, apenas passou a mão sobre o pescoço dele
de forma carinhosa. Ele sorriu e então ela abriu os olhos deu um sorriso largo
e se virou para ele. Ele a beijou de
forma carinhosa e continuaram a dançar. Mesmo vendo aquela
cena, eu ainda queria conhecer aquela mulher. Saber do que ela gosta, do que
ela fala e o que ela faz. Queria entender o motivo pelo qual eu nãoconseguia tirar os olhos dela.
Olhei no relógio já eram 5:20 da manhã e ela continuava ali
dançando e parecia ter esquecido do mundo quando aquele loiro chegou. Seus
cabelos também eram loiros, mas em um tom mais escuro e brincavam com mechas
mais escuras na parte de trás do seu cabelo. Um dos meus amigos virou para ela
e soltou um sonoro e despontando: “ah”. Fiquei curioso em saber o motivo pelo
qual pronunciará e ele apenas disse que aquele era um amigo muito próximo dela.
Eles não namoravam, entretanto ele sempre estava nos mesmos lugares que ela e
só costumavam ficar em festas. Eu fiquei tentando entender como eles sabiam
tanto da vida daquela mulher e como se ele lesse meus pensamentos disse que
morava com o amigo dele, logo sabia de alguns assuntos e muitas vezes ela
estava na casa deles, assistindo jogos e participando de churrascos. Ele também
salientou a facilidade que ela tem em fazer amizades.
Ela começou a se despedir de sua roda de amigos e
acenou brevemente para o meu amigo e saiu de mãos dadas com aquele homem que
desperdiçou toda sua noite. Resolvi também que iria embora, estava cansado e não
havia reparado em mais ninguém naquela festa.
Ela morava perto da festa, uns dois quarteirões. Eles andaram
de mãos dadas e uma vez ou outra ele brincava de pegar ela no colo, caminhei
mais atrás cuidadosamente. Eles pararam diante de um prédio ele a beijou demoradamente, abraçou e começou caminhar para a rua. Vi que o carro
dele estava parado ali perto, ele entrou e ela ficou esperando ele virar a
esquina. Apressei o passo e resolvi entrar no prédio dela. Não estava mais
pensando, apenas agindo. Ela segurou a porta achando que era algum morador do
prédio, deu um sorrisinho e foi em direção ao elevador. Apertou o 5º andar e me
olhou: “qual o seu andar?” respirei fundo, percebi que estava transpirando: “5º
também”. Ela então esperou a porta do elevador se fechar e começou a mexer no
celular, se virou para mim e disse: “Ah, você é novo morador do 16?”. Concordei
com a cabeça, a porta do elevador de abriu, sai na frente e comecei a disfarçar
na frente da porta do 16. Ela seguiu para seu apartamento, quando abriu a porta
e entrou, antes de fechá-la forcei a porta para entrar também. Ela me olhou
assustada, tapei a boca dela com a minha mão e comecei a levá-la para a sala.
Ela não reagiu, apenas me olhou profundamente, quando tive certeza que não iria
gritar, soltei a minha mão da boca dela:
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- O que você quer?
- Você! Eu passei a noite toda de olhando e não consigo
tirar meus pensamentos de você.
- Olha, isso não vai me conquistar e na boa você não pode
forçar as pessoas a ficarem com você porque você simplesmente não consegue
tirar os pensamentos dessa pessoa – disse de forma irônica as últimas palavras.
Ela começou a caminhar vagarosamente pela sala. Não parecia
ter medo de mim. Apesar de eu ser bem mais forte do que ela.
- Não sei se conseguirei dormir hoje enquanto eu não te
tiver.
Ela sentou num sofá mais distante de mim e acendeu um
cigarro. Eu fiquei olhando a calma com que ela fazia todos seus movimentos.
- Não se pode ter tudo.
- Mas eu quero!
- Não te ensinaram que não pode ter tudo? E daí que você
quer? Vai me forçar? Vai usar de toda sua força masculina, apenas para ter um
momento de prazer e só seu? O quão idiota você é?
Eu parei um pouco para pensar o quanto as palavras dela
foram duras e me lembrei de momentos da minha infância, quando minha tia me
obrigava a ter momentos íntimos com ela. E aquilo era horrível, senti um pavor
subir pelo meu corpo. Estava tão absorvido em meus pensamentos que não percebi
que ela havia sumido da sala. Comecei a procurar pela casa, encontrei na porta
do seu quarto me olhando. Será que ela havia decidiu tornar isso mais fácil?
Novamente tinha esquecido do meu pavor e me lembrei da maneira como ela era
bonita.
- Não me obrigue a fazer isso – disse ela calmamente.
- Obrigar a quê? Você vai gostar – Ela apontou uma arma para
mim.
- Você vai sair dessa casa agora – disse firme – e toda vez
que pensar em mim, vai lembrar dessa cena e saber que posso apertar o gatilho e
posso te garantir nunca errei nenhum.
- Você vai me matar?
- Se precisar claro, por que não?
- Mas sem nenhum motivo?
- Você não ia tentar algo comigo sem nenhum motivo?
- Mas eu tenho motivos, eu não consigo parar de pensar em
você!
- E eu também tenho motivos para te matar. Eu não quero e
você não pode me obrigar. – dito isso ela carregou a arma – vamos, eu não tenho
o tempo todo.
Pensei em bater o pé e não sai dali. Podia dizer “não vai
doer nada meu benzinho! Você vai gostar...” como me disseram anos antes.
Comecei a caminhar em direção da porta, lembrando o quanto foi horrível aquela
cena da minha infância que se repetiu inúmeras vezes...
Estava admirando uma morena dançando e não conseguia tirar
os olhos dela, eu precisava ter ela. Foi quando alguém tocou meu ombro:
- Nem pense nisso ou será seu último pensamento. – disse a loira
que não errava nenhum tiro.
Sai da festa o mais rápido que consegui e atravessei a rua
sem pensar. Um caminhão estava vindo em velocidade alta, a última coisa que eu
vi foi a luz.
Quem apagou a luz? =P
ResponderExcluirCara, transtornos psicotraumáticos são realmente intrigantes. Ficou bem claro o quão confuso eram os sentimentos do rapaz e como seus pensamentos e lembranças o torturavam e o prendiam em uma realidade completamente paranoica. Ficou muito bom! =D